Ementa

A Nova Ética da Psicanálise: Discurso Sobre as Famílias Homoafetivas

                Os termos classificatórios sexuais “homossexualidade” e “heterossexualidade” não existiam na civilização grega clássica, lá pelos tempos de Sócrates, Platão e Aristóteles. Existia o amor masculino. Basta ler “O Banquete”, de Platão, onde o Eros foi tema de todos os discursos. Nesta obra, a posição de erasta e erômeno acontece. Ela está entre Sócrates e Alcebíades. Os gregos falavam sobre o objeto do desejo. O sexo anatômico do desejante era indiferente. Os objetos eram denominados “afrodisia”.

                A classificação da orientação sexual permaneceu até o século XVIII sem existência oficial, no ponto de vista da civilização ocidental e dos Estados nacionais. Assim foi na Idade Média. Já no século XIX ocorrem o desenvolvimento do capitalismo, a luta de classes e a difusão do pensamento marxista. Vendo a necessidade de conter as pulsões do proletariado e colocá-las a serviço da mais-valia para a burguesia dominante, a psiquiatria alemã cria os termos homossexualidade e heterossexualidade.

                A partir daí, o conflito sobre o desejo generaliza-se e estabiliza-se em poderosas estruturas preconceituosas. Estas estão sendo vencidas nos tempos atuais com o reconhecimento da diversidade de gêneros (anatomia não é o destino), a conjugabilidade homófila e os filhos da homoparentalidade.

                Lacan, em seu ensino, antecipa certos instrumentos epistemológicos para compreender hoje as famílias homoafetivas. Dispensar o pai (o pai como pessoa do sexo masculino) é possível, mas fazer uso dele sempre será necessário. Continua Lacan com os conceitos de metáfora materna e metáfora paterna, colocando pai e mãe não como pessoas, masculino/feminino, mas como funções que podem estar em qualquer sexo.

                Assim, estruturas conceituais como a díade primeira, o complexo de Édipo e o significante fálico, assim como outros significantes estruturantes do sujeito, nas famílias pai/pai, mãe/mãe e outras serão objeto de reflexão teórica. Os filhos dessas neofamílias já estão na sociedade. Portanto, para avançar no conhecimento do sujeito contemporâneo, o discurso psicanalítico, a teoria e a práxis adotaram a nova ética.

                O evento acima epigrafado terá lugar na sede da ARPI – SHIS QI 09 conjunto E/2 sala 313 Centro Clínico, Lago Sul, Brasília – DF – em 05 de fevereiro de 2014, às 19h30. O convite é dirigido à sociedade em geral, imprensa e a todos os interessados.

Instituto de Psicanálise FreudLacan

Associação da Refundação Psicanalítica Internacional